sábado, 2 de junho de 2012



Estimulação precoce




A intervenção precoce é um termo e um conceito relativamente recente. Os primeiros trabalhos/programas surgiram nos anos 50 e relacionam-se com o desenvolvimento de um ramo da psicologia que até essa data não tinha suscitado muito interesse: o da psicologia infantil, uma vez que, subjacente à elaboração subjacente à elaboração de qualquer programa de intervenção precoce tem que existir um conhecimento aprofundado do desenvolvimento da criança.


O aparecimento da intervenção precoce:
A acompanhar o interesse pelo desenvolvimento infantil normal no início do século XX, e, mais especificamente pelas experiências precoces na formação da personalidade, alguns investigadores começaram a interessar-se pelo desenvolvimento de crianças de risco. Gesell, por exemplo, fez estudos com bebés prematuros e com crianças com Trissomia 21.
Assim, temos notícia de um estudo realizado em 1939 de Skeels e Dye e que foi resultado quase de um acaso mas que serviu de base a muitos outros trabalhos de investigação e prática a nível da intervenção precoce.
Dois bebés de 13 e 16 meses que residiam num orfanato foram transferidos para uma enfermaria de mulheres adultas com deficiência mental. Na altura da transferência, os bebés “não respondiam a estímulos, não tinham tónus muscular, estavam inactivas, choravam muito e passavam o dia a balançar; o seu QI estimado era de 35 /46 “. Ao fim de seis meses passados na enfermaria, foram reavaliadas e o seu QI tinha aumentado para cerca de 80 e alguns meses mais tarde para cerca de 90. Os investigadores descobriram que as crianças tinham estado sujeitas a grande estimulação: tinham a atenção de todas as doentes e do pessoal e tinham brinquedos.
Assim, os mesmos investigadores conseguiram autorização para repetir a experiência, agora de forma mais objectiva. Treze bebés foram entregues a jovens adolescentes com uma ligeira deficiência mental que foram ensinadas a cuidar deles e a estimulá-los. Cada adolescente ficou com um bebé “a cargo”. Optou-se ainda por colocar os bebés numa creche a meio tempo. O estudo do desenvolvimento destes treze bebés prolongou-se por 25 anos. Ao fim de dois anos, 11 das 13 crianças tinham um aumento médio de 27,5 pontos a nível de QI. O grau médio de escolaridade atingido foi o 12º ano e 4 frequentaram a universidade. O grupo que serviu de comparação era composto por 12 crianças, das quais 2 tinham deficiência mental. Ao fim dos mesmos 25 anos, o nível médio de escolaridade destas crianças era o 3º ano de escolaridade e 4 continuavam institucionalizadas. A perda de QI foi de cerca de 26 pontos.
Nos anos 40, a 2ª guerra mundial trouxe inúmeras consequências económicas, políticas e também sociais. Os órfãos de guerra suscitaram inúmeros estudos sobre os efeitos da institucionalização no desenvolvimento destas crianças. Muitos destes estudos demonstraram claramente o impacto negativo do isolamento, da falta de estimulação e da privação da figura materna no desenvolvimento físico, cognitivo e emocional da criançaReforça-se a importância da interacção criança - meio.

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