sexta-feira, 13 de abril de 2012

Estruturalismo , Behaviorismo e Gestaltismo

Estruturalismo (Wilhelm Wundt)

Wilhelm Wundt (1832-1920) foi um médico, filósofo e psicólogo alemão e é considerado como um dos fundadores da Psicologia Experimental Moderna. Entre as contribuições que o fazem digno desse reconhecimento histórico, está a criação do primeiro laboratório de psicologia no Instituto Experimental de Psicologia da Universidade de Leipzig na Alemanha em 1879 e a publicação de Principles of Physiological Psychology em 1873 onde afirmava textualmente que o seu propósito, com o livro, era o de criar um novo domínio da ciência.




Juntamente com o seu discípulo Tichener, abriu o caminho que levou a Psicologia a atingir o estatuto de ciência. Começou por definir o objecto da psicologia como o estudo da mente (ou consciência), que é realizado ao nível do consciente do Homem pela análise dos elementos simples da mente.



Para ele e os seus seguidores (nomeadamente Edward Tichener, 1867-1927), as operações mentais não eram mais do que a organização de sensações elementares, procurando relacioná-las com a estrutura do sistema nervoso.



No seu laboratório, em Leipzig, procurou conhecer a forma como se relacionavam e associavam os elementos da consciência: é a concepção Associacionista dos comportamentos.



Para atingir este objectivo, utilizou como método a introspecção [observação interna] mas de um modo controlado: Observadores treinados deveriam, no laboratório, descrever as suas próprias experiências, resultantes de uma situação experimental definida. Os dados eram depois relacionados e interpretados por uma equipa de psicólogos que, após a apresentação de um estímulo visual ou som teriam de descrever as sensações recorrendo a um conjunto definido de termos para maior objectividade.



  • Método Introspetivo ou Introspeção




A introspeção consiste em concentrarmo-nos em nós mesmos e analisarmos aquilo que está dentro do nosso espírito, seja um ato praticado, um estado de espírito ou um sentimento. Qualquer pessoa pode e deve fazer introspecção.

No entanto, o método introspetivo ultrapassa um pouco essa introspeção natural do ser humano, pois apresenta um caráter mais sistemático, guiado.
Wilhelm Wundt criou o método introspetivo controlado (ou Introspecção na segunda pessoa) em que o sujeito é provocado através de estímulos, e analisa e descreve o que sente. Cabe ao psicólogo anotar e interpretar o que é descrito. O objetivo é analisar a experiência consciente.

Esta metodologia foi muito criticada, devido a algumas limitações que comporta,porque o sujeito é ao mesmo tempo observador e observado. Auguste Comte, filósofo positivista, defende que é impossível ao mesmo tempo, sentirmos e analisarmos com clareza aquilo que sentimos.

" (...) ninguém pode estar à janela para se ver passar na rua". Quer dizer, a tomada de consciência de um fenómeno modifica esse fenómeno.
Assim, devido ao uso do método introspectivo, considerava-se que a psicologia ainda sofria uma grande influência da sua tradição ligada à filosofia, e, por isso, ainda não era ciência."

Auguste Comte


Outro problema do método introspetivo é o fato do paciente utilizar a linguagem verbal para explicar sentimentos, emoções e estados de espírito em geral. Ora, esta é, como todos sabemos muito pouco clara, pois por vezes queremos dizer uma coisa e dizemos outra, noutras ocasiões nem sequer existem palavras para explicar minimamente o que sentimos. Por outro lado, quando o paciente explica o que sentiu, já é outro momento, estando assim a análise sujeita a distorções.

Assim, diz-se que não é possível a verdadeira introspecção, apenas retrospecção.
Há ainda limites na aplicação deste método. Ele não pode ser aplicado a crianças e doentes mentais que não se consigam exprimir. Tendo limitações sérias no campo da psicologia infantil, patológica e animal.

Podemos ainda acrescentar a impossibilidade de aceder através deste método ao inconsciente, sendo apenas possível analisar os estados conscientes.


Behaviorismo (John Watson)

John Watson, psicólogo americano fundador da corrente behaviorista dentro da Psicologia, nasceu em 1878.

Watson estudou as descobertas feitas por Ivan Pavlov, e desenvolveu pesquisas semelhantes em biologia, fisiologia e comportamento de animais, e também o comportamento da criança, concluindo que o comportamento humano era em muitos aspectos, semelhante ao comportamento animal.

Com base nesta constatação e inspirado nas descobertas de Pavlov, criou dentro da Psicologia uma nova corrente, o Behaviorismo (1912). Watson considera que o objetivo da Psicologia é o estudo do comportamento de um organismo em interação com o ambiente.

Estes comportamentos constituem a resposta (R – reações físicas) de um sujeito a um determinado estímulo (E – objectos exteriores). A base do Behaviorismo é que um estímulo provoca sempre a mesma resposta pelo que não só será possível prever os comportamentos mas também controlar a produção desses comportamentos (E—> R)

Segundo Watson, o comportamento dos organismos complexos responde a situações de acordo com sua rede nervosa que está condicionada pela experiência. No ano de 1913 Watson publicou um artigo em que expunha as suas ideias, estabelecendo as bases da nova corrente da psicologia. Rejeitou a hereditariedade como responsável por tipos de personalidade, que atribuía unicamente à experiência e ao condicionamento do comportamento, e ainda opôs-se á Psicanálise de Freud que julgava ser uma fantasia.






Gestaltismo ( Max Wertheimer, Kurt Koffka e 

Wolfgang Kohler)







A escola da Gestalt contesta a explicação das percepções como sendo um conjunto de sensações elementares. O Gestaltismo surgiu assim como um protesto contra a psicologia de Wundt, que tinha como base os elementos sensoriais e não valorizava a consciência.

Os psicólogos Gestaltaltistas acreditavam no valor da sua escola  e rejeitavam a redução dos fenómenos a átomos/percepções, defendendo que um objecto não é um pacote de sensações, não podendo ser, por isso reduzido às mesmas. Defendiam que a percepção está para além dos elementos fornecidos pelos órgãos sensoriais. As partes nunca podem proporcionar uma real compreensão do todo.

Max Wertheimer (fundador da escola), Kurt Koffka e Wolfgang Kohler defendiam que o todo é diferente da soma das partes. Não são as representações, mas sim as suas relações que decidem o sentido de um pensamento.

O Gestaltismo pode ser visto também como a Psicologia da forma. Os seus defensores têm como principal preocupação compreender quais os processos psicológicos envolvidos numa ilusão de óptica, quando o estímulo físico é percebido pelo sujeito como uma forma diferente da que ele tem na realidade.

Kohler, estudou o modo como os chimpanzés lidavam com situações problemáticas, e   concluiu que estes possuíam a capacidade de organizar os diversos elementos de uma situação num todo de forma coerente, permitindo assim encontrar a solução para o problema.

 As suas experiências com estes animais (que empilhavam caixotes para alcançar o alimento) comprovaram que os chimpanzés têm condições para resolver problemas relativamente complexos.

Com o objetivo de demonstrar a importância da organização da informação num todo, foram produzidas imagens que podem ser interpretadas de diferentes formas (as ilusões de óptica).



  • Imagens de ilusão de ótica:




























A aparição da psicologia como ciência

Psicologia, é a ciência que estuda o comportamento (tudo o que organismo faz) e os processos mentais (experiências subjetivas inferidas através do comportamento).O principal foco da psicologia se encontra no indivíduo, em geral humano, mas o estudo do comportamento animal para fins de pesquisa e correlação, na área da psicologia comparada, também desempenha um papel importante.A psicologia deu os seus primeiros passos na antiguidade clássica, mais precisamente na Grécia antiga. Foi aqui que o homem começou a olhar para si próprio, para se compreender, e a olhar para o mundo, foi assim que surgiram os primeiros mestres da filosofia. A partir desta ciência e através dos séculos, desenvolveram-se múltiplos ramos do saber, alguns dos quais acabariam por autonomizar-se da árvore mãe e constituir outras ciências. A psicologia não é mais do que um desses ramos, que, sendo de recente autonomização, foi, contudo, dos primeiros a ter surgido. Só no fim do século XVI (1590) é que aparece o termo psicologia, introduzido por Rudolph Goclenius (psyquê significa alma, sopro; logos significa tratado, ciência). Nos finais do século XIX, com a enunciação das leis psicofísicas de Weber e de Gustav Fechener, e posteriormente com a criação do primeiro laboratório de psicologia por Wilhelm Wunt (fundador da psicologia moderna e líder da escola estruturalista), em Leipzig, na Alemanha, no ano de 1879, é que a psicologia conquistou verdadeiramente a sua autonomia, emancipando-se da filosofia.